Hoje vou contar parte de uma história fantástica, a história da família Kennedy que viveu uma série de tragédias desde os anos 1940. Você já deve ter ouvido falar na chamada “maldição dos Kennedy”, uma sequência de eventos trágicos que atingiram um dos clãs políticos mais conhecidos dos Estados Unidos ao longo do século 20.

Foto da família Kennedy, em 1938, no estado de Nova York. Da esq. para dir., sentados: Eunice; Jean; Edward, sentado no colo do pai, Joseph Kennedy; Patrícia e Kathleen. De pé, da esq. para dir., Rosemary, Robert, John, Rose Fitzgerald Kennedy e Joseph P. Kennedy
A família Kennedy voltou a ser notícia na semana passada, depois que Maeve Kennedy Townsend McKean, 40, e seu filho, Gideon Joseph Kennedy McKean, 8, desapareceram. Eles estavam em uma canoa que afundou durante um passeio em Shady Side, no estado de Maryland (EUA) – Até terça-feira (7) apenas o corpo de Maeve havia sido encontrado. Ainda não há confirmação se o corpo do bisneto do ex-senador Robert F. Kennedy (1925-1968) havia sido encontrados pelas equipes de resgate. Desde os anos 1940, o clã político mais conhecido dos EUA enfrenta tragédias e controvérsias, conforme detalhes que vamos expor nesta edição.
RELEMBRE ALGUNS EPISÓDIOS
JOSEPH P. KENNEDY JR. – Irmão do ex-presidente John Kennedy, Joseph morreu na explosão do avião que pilotava durante uma operação aérea secreta na Segunda Guerra Mundial, em 1944.
KATLEEN KENNEDY – Cerca de quatro anos depois, outro acidente de avião marcaria a história da família. Kathleen estava em um voo do Reino Unido para o sul da França, em 1948, quando a aeronave caiu.

JOHN F. KENNEDY – Sempre popular e carismático, John F. Kennedy — ou, simplesmente, JFK — foi assassinado em 22 de novembro de 1963, em Dallas (Texas). O ex-fuzileiro naval Lee Harvey Oswald, desertou para a União Soviética em 1959, mas retornou aos Estados Unidos em 1962 e foi preso, acusado do assassinato. Oswald foi morto dois dias depois. Centenas de livros e filmes, como “JFK”, de Oliver Stone (1991), alimentaram teorias da conspiração sobre o crime, sugerindo o envolvimento de rivais da Guerra Fria, como a União Soviética e Cuba, a máfia e até o vice-presidente Lyndon B. Johnson.
ROBERT F. KENNEDY – Também conhecido por amigos e familiares como “Bobb”, o senador foi morto com três tiros em 1968 pelo imigrante palestino Sirhan Bichara Sirhan, durante a campanha presidencial de 1968, no Ambassador Hotel, em Los Angeles. O então candidato foi baleado pouco após falar com seus apoiadores.

MICHAEL KENNEDY – Sexto filho de Robert Kennedy, Michael morreu em 31 de dezembro de 1997, aos 39 anos, em um acidente de esqui em Aspen Mountain, no Colorado. Ele estava jogando futebol enquanto esquiava com vários outros membros da família Kennedy e teria batido a cabeça em uma árvore. Segundo o jornal “Washington Post”, no início daquele ano, ele fora acusado de ter um caso com a babá adolescente de sua família.
JOHN F. KENNEDY JR. – Em 16 de julho de 1999, John, a esposa, Carolyn, e a cunhada, Lauren Vineyard, morreram num trágico acidente de avião. Kennedy estava pilotando o monomotor. Segundo relatos da imprensa na época, os três estavam indo para o casamento da prima de John, Rory. Os destroços do avião foram encontrados no oceano Atlântico três dias depois e os corpos, cinco dias depois da queda.

SAOIRSE KENNEDY HILL – Recentemente, a jovem Saoirse Kennedy Hill, neta do líder democrata norte-americano Robert “Bobby” Kennedy, morreu vítima de possível overdose, segundo publicou a imprensa dos Estados Unidos. Citando fontes da família, um jornal afirmou que a emergência foi chamada à casa da jovem, em Cape Cod, e que ela chegou a ser levada para um hospital, mas não resistiu. Quando estava no Ensino Médio, Saoirse escreveu um artigo para o jornal de sua escola relatando sua luta contra a depressão.
KARA KENNEDY – Filha do senador Ted Kennedy, considerado um ícone do partido Democrata, Kara morreu após um ataque cardíaco, aos 51 anos, enquanto treinava numa academia de Washington, em 2011. Antes disso, enfrentou um câncer de pulmão. Dois anos antes, seu pai havia perdido a luta contra um câncer cerebral, em agosto de 2009.
A TRÁGICA HISTÓRIA DE ROSEMARY, LOBOTOMIZADA POR ORDEM DO PAI
Joseph P. Kennedy foi um milionário e político americano descendente de irlandeses que nasceu em uma família de políticos da Nova Inglaterra e fez fortuna nas indústrias de filmes, uísque e aço. Em 1914, ele se casou com Rose Elizabeth Fitzgerald, representante da aristocracia católica de Boston, com quem teve nove filhos, muitos dos quais teriam um fim prematuro. O filho mais velho, Joe Jr. , preparado desde a infância pelo pai para ser o futuro presidente dos Estados Unidos, morreu em combate em 1944 enquanto servia como piloto durante a Segunda Guerra Mundial. Um acidente de avião matou a quarta filha, Kathleen. Ela estava acompanhada do namorado durante um voo da Grã-Bretanha para o sul da França, em 1948.
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O segundo filho, John F. que herdou o cetro político de Joe Jr., foi eleito o 35º presidente dos Estados Unidos em 1960, e assassinado em Dallas, no Texas, em novembro de 1963. Em 1968, o sétimo filho do casal, Robert ‘Bobby’, foi baleado durante a campanha eleitoral para se tornar presidente. Um ano depois, em 1969, o filho mais novo, Edward ‘Ted’, se envolveu em um acidente de carro em Chappaquiddick Island, na Nova Inglaterra, que resultou na morte de uma mulher, Mary Jo Kopechne. Muitos desses incidentes, entre outros, foram descritos e analisados inúmeras vezes desde meados do século passado. Mas pouca gente conhece o destino de Rosemary Kennedy, a filha mais velha dos Kennedy.
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UM PARTO COMPLICADO

Na época do seu nascimento, a cidade de Brookline, em Massachusetts, sofria com a epidemia de gripe espanhola que mataria entre 20 milhões e 50 milhões de pessoas em todo o mundo naquele ano. Por isso, o médico encarregado do parto se atrasou cuidando de outros pacientes. Embora a cabeça do bebê já estivesse coroando, a parteira pediu a Rose Kennedy para manter as pernas fechadas e apertadas para evitar dar à luz antes da chegada do obstetra. De acordo com um relato de Luella Hennessey-Donovan, a dedicada babá e governanta da família, Rose seguiu as instruções por duas horas de agonia.
‘ACIDENTE UTERINO’
Quando Rosemary cresceu, ficou claro que ela tinha dificuldades de aprendizado. Mais tarde, especialistas disseram aos Kennedy que era uma consequência da falta de oxigênio provocada por um “acidente uterino”. As deficiências dela eram frequentemente escondidas ou disfarçadas pela família para evitar o estigma de estar associada a “genes defeituosos”.
ROSEMARY NO REINO UNIDO
Aparentemente, o período mais feliz da vida de Rosemary ocorreu na Inglaterra, nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, para onde a família se mudou depois que o presidente Franklin D. Roosevelt nomeou seu pai como embaixador no Reino Unido, em 1938. A beleza e o charme da adolescente Rosemary e sua irmã mais nova, Kathleen, atraíram a atenção da imprensa britânica, o que ajudou muito o novo embaixador a “entrar diretamente no círculo dos interesses britânicos”, como escreveu um jornal da época. Em maio de 1938, Rosemary e Kathleen foram apresentadas ao rei George 6º e à futura rainha Elizabeth no Palácio de Buckingham, em Londres.

CATÁSTROFE
Nos EUA, foram realizadas até 5 mil lobotomias por ano durante a década de 1940, a maioria em mulheres jovens. Freeman foi responsável por quase 3 mil desses procedimentos. Um artigo publicado no jornal Saturday Evening Post em maio de 1941 elogiava o trabalho “pioneiro” de Freeman e apresentava a cirurgia como uma esperança para transformar pacientes que eram “um problema para suas famílias e um incômodo para eles mesmos” em “membros úteis da sociedade”. Freeman usava uma espécie de picador de gelo, que ele inventou, para fazer as lobotomias. Ao inserir depois de perfurar o crânio de Rosemary, Freeman pegou uma lâmina e começou a cortar os lóbulos frontais de seu cérebro. Amarrada à mesa, ela estava acordada e aterrorizada durante o procedimento. De repente, ficou em silêncio e perdeu a consciência. A operação foi um fracasso catastrófico.
ESCONDIDA E ESQUECIDA
Após a cirurgia, Rosemary não conseguiu mais andar ou falar. Mesmo após anos de terapia, ela não conseguia balbuciar mais do que algumas palavras e nunca recuperou totalmente o uso dos membros.
E assim contamos hoje uma pequena parte dos avanços e dos infortúnios que acompanharam os Kennedy desde o começo do século XX até os dias atuais.
JORNAL O POVO- 31 ANOS DE HISTÓRIA –

Radialista e Jornalista Profissional desde 1979 – Registro no MTF/PR Nº 0888 – Foi diretor de imprensa em prefeituras no Paraná e Santa Catarina. Atualmente aborda assuntos com foco no contexto do cenário político brasileiro e mundial. Como colunista de O Povo, traz análises e notícias exclusivas dos bastidores de temas diversos e relevantes para os catarinenses.
E-mail: pimentel.ddc@gmail.com