Ciranda da Vida

“Ciranda cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar…”, “Capelinha de melão, é de São João…”, “Caranguejo não é peixe, caranguejo peixe é…”, “Atirei o pau no gato tô, tô, mas o gato tô, tô…”, “O cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada…”, “Como pode o peixe vivo viver fora da água fria…”, “A canoa virou, por deixá-la virar…”

Quanta lembranças e significados podemos buscar na alegria de uma simples brincadeira. São afetos que brotam do coração e permitem entender a grande importância de uma infância cuidada com carinho e amor. Fazer uma regressão mental e relembrar dos acontecimentos da mais tenra idade pode ajudar a resolver alguns conflitos na vida adulta.

A criança, com alegria, brinca e se diverte com as cantigas de roda. Experiências vividas numa época de pureza e descobertas da nova realidade da infância. Ao crescer, exigida pelo dever do sucesso, do compromisso de ser alguém, precisa ser resgatada para uma melhor qualidade de vida.

Saber que suas fantasias estão aí guardadas e camufladas por um suposto amadurecimento da vida e que, se reviver as cantigas folclóricas, poderão fazer desabrochar a alegria e cantar, comemorando a cada dia o presente de aprender cada vez mais.

Deve-se pensar que a criança desenvolve seus sonhos sobre o que vai ser quando crescer e as conquistas que poderá alcançar. Buscar o entendimento de que fazemos parte do Universo e que o Universo é movido pela energia, que é dinâmico, não para, e que também não podemos parar. A cada segundo nosso corpo e mente estão em constante movimento, seguindo o ciclo universal de germinar, crescer e fenecer e aceitar a vida com naturalidade, na sua plenitude. Continuar a brincar de roda e cantar a beleza de amar. É a ciranda da vida!

O mundo moderno mudou com toda tecnologia desenvolvida, contaminado pelo excessivo modernismo e consumismo que fomenta o grande despertar de neuroses: porém o ser humano continua o mesmo, sempre em busca da satisfação dos seus desejos.

Assim é a ciranda da vida, criança brinca que é adulto e adulto precisa brincar como uma criança para alcançar liberdade e serenidade de ser ele mesmo.

Antonio Lopes – Psicanalista Didata

Professor e Coordenador do Curso de Psicanálise em Santa Catarina

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