Coluna Politicando – L. Pimentel

CAINDO NA REALIDADE

O Governo Bolsonaro superou, finalmente, o “nós contra eles” em que se havia transformado a política nacional: os três zeros à esquerda e o papai, o presidente Bolsonaro, mesmo sabendo das consequências, promoveram a união de todos os partidos ao irem brigando um a um – inclusive com integrantes do seu próprio, o PSL. E o pior é que estão sendo surrados dentro de um partido nanico que inflou com a entrada deles em 2018.

O líder do PSL de Bolsonaro, o Delegado Waldir chamou-o de vagabundo. Joice Hasselmann, a bolsonarista das bolsonaristas foi afastada da liderança, talvez por continuar afirmando que seria candidata à prefeitura de São Paulo, com ou sem Bolsonaro. O presidente quis afastar o Delegado Waldir e não teve força para isso. Quer se livrar de Luciano Bivar, que comanda o partido, e não sabe como. Se sair, corre o risco de sair sozinho: os parlamentares que caírem fora do PSL correrão o risco de ficar sem grana para as próximas campanhas. Não terão dinheiro para tentar a reeleição.

Alguém falou em dinheiro? Mas que mau gosto! Todos sabem que a briga é ideológica, uma disputa sobre posições políticas e que caminhos seguir – sendo que o melhor caminho é o que leva ao fim do arco-íris onde, diz a lenda, existe um pode de ouro. Não que queiram dar um fim ao arco-íris simplesmente por simbolizar a diversidade sexual que um partido tão conservador rejeita. E nessas brigas todas, quem tem razão? O caro leitor não será ingênuo de pensar que essa questão está em pauta. Como é habitual nas discussões políticas brasileiras, ninguém tem razão, nem pai nem filhos. E mais, não há santos nesse campo.

EFEITO BUMERANGUE

As ilegalidades cometidas por Deltan Dallagnol e reveladas pelo site The Intercept começam a mostrar seus efeitos nas palestras do procurador, um dos principais personagens da chamada ‘Vaza Jato’. No sábado 19/10, em Porto Alegre, ele tentou falar sobre ética para empresários na AMRIGS (Associação Médica do Rio Grande do Sul), mas foi interrompido por uma longa vaia da plateia, que o impossibilitou de terminar a fala.

A Vaza Jato revelou que Deltan tinha um plano para enriquecer dando palestras sobre o combate à corrupção e ética nas empresas, às custas de sua atuação como procurador, além de agenciar outros agentes públicos a fazer o mesmo, como seus colegas do MP, o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. Diálogos mostraram ainda sua manipulação para denunciar o ex-presidente Lula com claras intenções de tirá-lo das eleições de 2018 e ainda os planos políticos que tinha, como de se candidatar a senador.