Por: L. Pimentel | Jornalista – Exclusivo para O Povo
Leonel Arcangelo Pavan é gaúcho de Sarandi, onde nasceu a 7 de setembro de 1954. Atualmente está filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Filho de Rodesindo Pavan e de Rosina Pavan (ambos já falecidos) ainda em criança veio para Santa Catarina, residindo inicialmente na cidade de Ponte Serrada, oeste catarinense. É casado com Maria Bernardete Pavan e pai de: Juliana Pavan Von Borstel e Leonel Pavan Júnior.
TRAJETÓRIA POLÍTICA
Anos mais tarde os Pavan se mudaram para Balneário Camboriú, cidade que à época já experimentava um crescimento que a transformou no que é nos dias atuais. Em Balneário Camboriú, Leonel Pavan líder estudantil, trabalhou na churrascaria de seu pai por um longo período. No entanto, sentia que ali não era seu lugar, por isso resolveu entrar para a política. Começou como vereador pelo então PMDB (1983/1988) e prefeito por três vezes (1989/1992, 1997/2000 e 2001/2002). No ano de 1986 (conta-se que por influência de seu pai) deixou o PMDB e passa a integrar o PDT. Eleito deputado federal mais votado da frente popular em 1994 na 50ª legislatura (1995/1999), exerceu o mandato até 1996. Em 2002 renunciou a prefeitura para disputar a eleição ao Senado Federal, sendo eleito com quase um milhão de votos. Em seu lugar assumiu o então vice-prefeito Rubens Spernau, reeleito prefeito em 2004.

No segundo turno das eleições de 2006, Leonel Pavan foi eleito vice-governador do Estado na chapa encabeçada pelo ex-governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Em 25 de março de 2010, com a renúncia do titular Luiz Henrique da Silveira para disputar uma vaga no Senado federal, Leonel Pavan, na qualidade de vice-governador, assumiu o Governo do Estado de Santa Catarina, cujo mandato encerrou-se em 31 de dezembro de 2010. Nas eleições de 2014 foi eleito deputado estadual para a 18ª legislatura (2015/2019). Em 10 de junho de 2015 foi eleito vice-presidente do Parlamento do Sul (PARLASUL) que reúne parlamentares dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. Em 2017 Assumiu a Secretaria de Turismo Cultura e Esporte de Santa Catarina, integrando o governo como titular da pasta.
No período em que foi prefeito, a partir do ano de 1988, Leonel Pavan conseguiu implantar uma nova forma de governar, mais próxima dos interesses comunitários e populares, iniciando a transformação social, econômica e turística do município com a adoção de algumas medidas tidas como “impopulares”, mas que seriam reconhecidas no futuro, a exemplo do novo Plano Diretor e da urbanização e remodelação da Avenida Atlântica, obra reconhecida até hoje e que ampliou a beleza de um dos cartões postais de Balneário Camboriú, e da Rodovia Interpraias, ligando a sede do Município às Praias Agrestes.
Contraponto com Leonel Pavan
Pra começar nossa entrevista é necessário que eu faça esta pergunta. O senhor teve um problema sério de saúde. Isso fez com que o senhor encerrasse sua carreira política ou ainda está longe disso ocorrer?
LEONEL PAVAN: Naturalmente, com o problema de saúde que tive acabei tendo que diminuir o ritmo e repensar se valeria a pena correr tanto risco. Mas uma coisa é certa, nada diminuiu quanto à minha disposição para continuar lutando por aquilo que considero importante para o interesse público, para a minha cidade e principalmente para com as pessoas como um todo.
Desde 1988, quando assumiu a Prefeitura pela primeira vez, muitos foram os administradores que ocuparam o Palácio Municipal. O senhor se decepcionou com algum deles que revigorasse seu desejo de voltar?

LEONEL PAVAN: Como os orçamentos municipais acabam sempre aumentando de um governo pra outro, acho cada um fez o que pode à sua época, com mais ou com menos competência. Com o orçamento que o município dispõe hoje, eu garanto que superaria todos eles e faria bem mais sobre tudo o que já foi feito até hoje, inclusive na época dos meus governos. Em relação ao atual governo, pouco se pode falar porque é muito fraco. Veja bem, mesmo agora com os milhões que tem em caixa e com mais de R$100 milhões referente aos empréstimos financeiros, conforme aprovação pela Câmara, não conseguiram fazer nenhuma obra de relevância. E agora, em fase final de mandato, talvez para mostrar algum serviço, estão querendo tapar o sol com a peneira executando algumas obras planejadas e iniciadas nos últimos governos.
O senhor sabe que agora em 2020 as eleições em Balneário Camboriú terão a disputa-la vários pesos pesados da política local. Em sua opinião, quais são as suas chances de vencê-los?
LEONEL PAVAN: Trata-se de uma questão de conjuntura e estratégia político-eleitoral. Se houverem mais que três candidaturas na disputa, as chances serão ainda mais reduzidas para que a mentira que aí está seja suplantada.
Caso resolva não concorrer, vai apresentar seu filho como seu sucessor?
LEONEL PAVAN: Caso meu filho desejar concorrer, a popularidade a ser testada é a dele. Eu votaria e trabalharia pra ele, porque sei de sua competência e serenidade.
Levando-se em conta que o senhor vai à luta, que propostas vai levar ao eleitor para reconquistar a confiança que havia em seu nome?
LEONEL PAVAN: Nesse caso teria que suplantar todas as dificuldades e ser melhor do que o Pavan de antigamente já foi, mas com certeza bem melhor do que tudo que aí está. Um projeto de governo é coisa séria e deve ser elaborada em conjunto com uma boa equipe técnica. Caso isso aconteça, já temos em mente, por experiência própria, todas as prioridades que a cidade necessita para retomar o crescimento e a liderança no turismo.
Poderia elencar alguma obra que podia ter sido realizada pelos outros prefeitos, que ficaram no esquecimento, e que se eleito o senhor levaria a cabo?
LEONEL PAVAN: O orçamento municipal é tão grande agora que daria pra fazer tudo de novo, mais rápido e com mais qualidade. Com o dinheiro que estão arrecadando e fazendo tão pouco, acho uma provocação com a população, que assiste calada a tamanha incompetência e inércia desse governo. Não dá para elencar ou adiantar uma só obra, mas como disse antes, tenho em mente as prioridades e elas passam pela área da Educação, Saúde, Ação Social, Mobilidade Urbana e fortalecimento do turismo em todos os segmentos.
A Interpraias foi uma de suas maiores conquistas, porém ao longo dessa importante via a infraestrutura ainda não chegou totalmente. Acha possível complementar o trabalho, caso eleito?
LEONEL PAVAN: Nem pra manter essa importante via o governo atual serviu. Imagine então para melhorar essa rodovia com sua beleza cênica, considerada uma das mais lindas do Brasil. Nós sabemos do seu valor e o que ainda precisaria ser feito para ampliar sua importância e beleza, além de sua melhoria estrutural, para que aquela região das praias agrestes fosse ainda mais valorizada, e que receba ainda mais visitantes aumentando sua movimentação turística e econômica.
Nas últimas eleições o senhor acabou derrotado por uma criação sua (o atual prefeito Fabrício Oliveira). Depois das críticas acima, como classifica a administração do atual prefeito?
LEONEL PAVAN: Mais da metade da população não votou no atual prefeito, mas ele teve seus méritos, bem como na articulação nas coligações com vários partidos, incluindo ai um bom número de candidatos a vereador, cinco vezes a mais do que tínhamos. Nessa estratégia ele teve seus méritos, foi competente e poderá ser de novo prefeito se a oposição for dividida em mais de três candidaturas. Sobre lição eu diria que ele deve ter faltado em muitas aulas e nas que frequentou não fez direito o dever de casa.
Balneário Camboriú está inserida hoje na rota de atracação dos transatlânticos. Isso traz um “status” enorme para a cidade. Agora uma empresa, a BC Port ganhou o direito da construção de um porto para navios de cruzeiro. Como o senhor vê essa conquista?
LEONEL PAVAN: O empresário André foi persistente no caso do BC Port. Sua vitória é também a vitória de Balneário Camboriú. Tivemos várias ações que levaram que ocorreram antes e depois neste caso. E também viveremos o antes e o depois principalmente no glamour do turismo náutico. Apoio totalmente, porque sei que será de fato um marco importante no setor.
Certa vez o senhor se disse favorável á abertura de alguns cassinos no Brasil, em cidades estrategicamente posicionadas. Essa posição ainda está valendo, e se está porque ainda não vingou, uma vez que muitos brasileiros, ou jogam aqui clandestinamente, ou vão a cassinos no Uruguai, Paraguai, Argentina, Las Vegas etc.?
LEONEL PAVAN: Sou a favor da legalização do jogo desde quando ainda era vereador. Nunca escondi isso de ninguém e quando tive oportunidade apresentei um projeto nesse sentido no Senado Federal, cujo objetivo era o de regularizar essa prática. O Brasil perde bilhões pela covardia e medo, e porque ninguém ainda teve a coragem de liberar a abertura dos cassinos no país. Os exemplos estão pelo mundo afora. Como secretário de Turismo, Esporte e Cultura de SC, fiz parte do Fornatur – Fórum Nacional de Secretários de Turismo e fui nomeado coordenador de um grupo que ajudou a pressionar pela aprovação de projetos nesse sentido, que até hoje tramita no Congresso Nacional. Sempre fizemos a nossa parte e vamos continuar defendendo pelo bem do turismo e da movimentação econômica, e pela geração de emprego e renda. Torço para que esses projetos evoluam e sejam aprovados neste atual governo.
Balneário de uns anos para cá passou a ser a “cidade dos arranha-céus”. Que posição o senhor tem sobre isso, e que sugestões teria para a sequência da construção civil no Município, mesmo sabendo que há pouco espaço?
LEONEL PAVAN: Não dá mais pra derrubar e começar de novo. Somos o que somos pelo que temos, pela modernidade e ousadia do setor da construção civil. A cidade é famosa e conhecida no mundo por essa característica, além de seu turismo. Inclusive alguns falam em “Dubai brasileira” pelo glamour da nossa construção civil. Há que se acompanhar o seu crescimento, mas com debates em parceria com o próprio setor e suas contribuições para um desenvolvimento sustentável ao lado de novas matrizes econômicas que possam surgir na área econômica.
Recentemente o senhor sofreu um baque importante em sua saúde. Por isso pergunto: como se encontra neste momento? Está em condições de enfrentar uma eleição que se anuncia como das mais ferrenhas? Não acha que está na hora de pendurar as chuteiras e deixar os mais novos enfrentarem essa barra?
LEONEL PAVAN: Tive um baque na saúde, mas ao mesmo tempo uma dádiva divina de recuperação, pelo que venho agradecendo sempre. Porém, não desisto fácil do que penso e daquilo que defendo. Dizer que não sou candidato não significa pendurar as chuteiras. Ainda tenho muita lenha pra queimar, e muito a contribuir com Balneário Camboriú e Santa Catarina, se precisarem. Encaro isso também como uma forma de agradecimento por tudo que a cidade e o Estado me ofertaram em oportunidades de crescimento político e profissional. Sempre será uma honra e uma satisfação poder contribuir ainda mais com minha cidade e com meu Estado. Obrigado pela oportunidade da entrevista, abraço!











