OBS: Extraída do Observatório da Imprensa…
O notável pastor anglicano John Donne escreveu num belo poema, há quase 500 anos, a seguinte frase: “Quando morre um homem, morremos todos, pois somos parte da humanidade”.
O Talmud, milenar livro judaico em que se discute a religião, diz: “Quem salva uma vida, salva a Humanidade”. E aqui conto uma história sobre como pessoas hoje falecidas se arriscaram para salvar vidas. Uma história que só poderia ser narrada após a morte dos protagonistas – o último foi o rabino Henry Sobel, falecido há dias na Flórida, nos Estados Unidos.
Lá pelos idos dos anos 1970, o advogado Idel Aronis chamou Henrique Veltman, jornalista de brilhante carreira, para uma conversa. Tinha sido montado um esquema de resgate de judeus argentinos e uruguaios (montoneros e tupamaros) presos em bases militares argentinas, cuja vida corria riscos, pois lá as armas mandavam na lei. O esquema envolvia militares e funcionários argentinos legalistas (se fosse preciso, até subornados), médicos e enfermeiras americanos, e aviões de Israel ou dos EUA, que levariam os presos resgatados para um dos dois países. Seria preciso parar no Brasil, para socorros médicos e criação de novos documentos. Pousariam no aeroporto de Viracopos (Campinas), com a cobertura do então delegado Romeu Tuma (à época chefe da Polícia Federal), cuja equipe controlava o aeroporto. A operação era dirigida por agentes israelenses e americanos, estes orientados pelo rabino Henry Sobel. A Veltman caberia evitar que o assunto vazasse para a imprensa, o que poderia colocar a operação a perder.

MAS QUAL O SUCESSO DO PASTOR
Quantos voos? Não se sabe! Henrique Veltman acompanhou dois deles. O sucesso foi absoluto: ninguém de fora ficou sabendo, nada vazou para a imprensa, nem no Brasil, nem no Exterior. Firmou-se um pacto de silêncio: a história não seria contada enquanto Henry Sobel, Idel Aronis e Romeu Tuma estivessem vivos. Com a morte do último protagonista, Veltman contou a história dos homens que arriscaram suas vidas para salvar outras vidas.
LIFE CELEBRATION
A maior condecoração do Império Britânico, a Ordem da Jarreteira, antiga de quase 700 anos, tem um lema em francês arcaico que diz: “Honi soit qui mal y pense”, (envergonhe-se aquele que pensar o mal). A quem recriminar os heróis que salvaram vidas humanas em risco, sem se preocupar com a ideologia que tivessem, este colunista recomenda: Honi soit qui mal y pense.
ESTAMOS CRESCENDO?
Pesquisas indicam que 27% dos parlamentares apoiam a prisão de réus condenados em segunda instância. Talvez – mas é difícil acreditar que, com tantos ameaçados de processo, queiram de verdade aprovar algo que acelere a prisão dos condenados. Irão urrar, exigir, gritar, mas como estamos no fim do ano, logo inicia o recesso e tudo esfria. A propósito, a comissão especial da Câmara que deve analisar a proposta de emenda constitucional que permite a prisão de condenados em segunda instância já tem mais de uma semana, e só um partido, o Novo, indicou representante. Os outros partidos até agora não se deram a esse trabalho. Um acordo entre os presidentes das duas casas legislativas vai levar o assunto para após o recesso, em 2020.
UMA NOTÍCIA BOA
A informação é comprovada: de acordo com a CNI, Confederação Nacional da Indústria, o uso da capacidade industrial instalada cresceu em outubro, atingindo o maior nível desde 2014: 70%. Cresceu também a produção industrial: o indicador, 55,2, é o maior desde 2010. Isso ainda não se reflete no nível de emprego. Mas, se continuar, empregos serão criados. A Indústria Papeleira Klabin informou nesta semana que está produzindo papelão a plena carga. É uma informação importante, porque um dos principais usos do papelão é para embalagens. E se há consumo de embalagens, isso indica que a
produção em geral está crescendo. Parte das encomendas da Klabin será entregue em dezembro, porque não há capacidade ociosa para aumentar já a produção.
MAS TEM NOTÍCIA RUIM
Alguns dados ajudam a entender a crise do Brasil, e porque é difícil sair dela. Na Bahia, onde se produz apenas 1% do petróleo nacional, construiu-se um monumental edifício para a sede da Petrobras na capital, Salvador. De acordo com dados oficiais do site O Antagonista, a Petrobras ocupa quatro andares do prédio, a Torre da Pituba, que custou R$ 2,1 bilhões. Os demais andares estão vagos. O prédio tem ainda dois anexos vazios. No complexo da Pituba, há um edifício-garagem com 2.700 vagas, o maior estacionamento de Salvador. O Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, fez a obra que a empresa, dirigida por Sérgio Gabrielli, se obrigava a alugar.
RETORNO DO ASSUNTO
O Ministério Público do Rio iniciou nova investigação sobre as atividades do hoje senador Flávio Bolsonaro, sobre os tempos em que era deputado estadual. A indagação: teria ele empregado funcionários fantasmas em seu gabinete na Assembleia fluminense? No fundo, é uma evolução do caso Queiroz, assessor que já admitiu a prática, dizendo, porém, que o fez por sua conta e risco. Mas ninguém acredita em histórias da Carochinha…

Radialista e Jornalista Profissional desde 1979 – Registro no MTF/PR Nº 0888 – Foi diretor de imprensa em prefeituras no Paraná e Santa Catarina. Atualmente aborda assuntos com foco no contexto do cenário político brasileiro e mundial. Como colunista de O Povo, traz análises e notícias exclusivas dos bastidores de temas diversos e relevantes para os catarinenses.
E-mail: pimentel.ddc@gmail.com