Isto está público e notório, pois sempre chega a hora certa de admitirmos nossos erros. A gente passa a vida toda acreditando que de eleição em eleição os eleitores acabariam, mesmo que aos poucos ir compreendendo a separar os enganadores dos políticos corretos (separar o joio do trigo) e assim ir reduzindo esse número.
Não seria apenas uma questão ideológica, não importando o que o candidato prometesse, mas um fato que teria de estar a seu alcance. Vocês poderiam dizer: Bobagem! Mas não é bobagem! Nesta eleição, temos candidatos a prefeito propondo medidas que não estão ao alcance de muitas prefeituras, e só poderiam ser realizadas pelo Governo Federal, e assim mesmo depois de ouvir o Banco Central. Em compensação, aquilo que é da competência das prefeituras, como cuidar dos problemas da cidade, isso está sendo solenemente esquecido, inclusive aqui no mais famoso balneário do Estado, a nossa querida e tão amada Balneário Camboriú. Coisas básicas como garantir as verbas de manutenção para as obras municipais – quem, em qual cidade, ousou propor isto, nesta ou em campanhas passadas?
Todavia, com dezenas de partidos e bilhões de reais em dinheiro público para financiar as campanhas, os candidatos a vereador transformam seus colegas candidatos a prefeito em estadistas. Há candidatos que se orgulham de ser donos de prostíbulos, ou de ter sobrenomes reais ou não, que evocam aquilo que têm dentro da cabeça, ou que, lembrando atividades que desempenharam ou que ainda desempenham, ameaçam o eleitor com um: “vote em mim senão eu conto o que vocês fizeram no verão passado”.
Uma pena, pois aquela que deveria ser uma festa democrática virou proibida e, se há algo que nos ensina é tratar como piada a escolha dos dirigentes das cidades. Claro que em seguida todos vão criticar as atitudes e as despesas dos vereadores e a incompetência do prefeito que elegeram. Então pergunto: como sair disso?
Claro também, que nessa mixórdia com dezenas de partidos, centenas de candidatos, verba pública à vontade nas mãos dos donos das legendas, há gente boa, mas há também candidato a vereador que não recebe nem pra gasolina. Só que muita gente boa, com competência, capaz de viver com o salário público sem buscar fontes ilegais de renda, é ocultada pela massa daqueles que não têm a menor ideia do que faz um vereador, ou de quais prioridades urbanas que um prefeito tem de tratar. Ou ainda se prefeitos e vereadores fazem negociatas ou não!
Essa massa de candidatos aumenta muito se fizermos a conta dos que sabem o que querem fazer – isto é, enfiar a mão no pudim ou governar para todos, se é que me entendem. Eleger alguém exige de cada eleitor muita dedicação, como ouvir amigos confiáveis, por exemplo. Nem pensar em eleger alguém só porque “é celebridade”. Também é preciso dar uma olhada nas atividades de quem já exerce algum cargo se pretende votar nele. Dá trabalho, mas esse procedimento pode resultar numa cidade melhor para toda a comunidade.
ATENÇÃO: É AGORA
É hoje, é nesta terça-feira que os Estados Unidos elegem seu presidente. A eleição americana pode ter mais repercussão no Brasil que a brasileira. Se Trump for derrotado por Joe Biden, a diplomacia brasileira vai ter de trabalhar, já que o presidente e seus filhos deram apoio total a Trump. Depois de brigar com a União Europeia e a China, perder o apoio americano deixaria nosso país isolado.
Aproveitando essa deixa, lembro aqui uma piadinha do presidente Bolsonaro, ao provar o Guaraná Jesus, um popular refrigerante maranhense: como o Guaraná Jesus – pronuncia-se Jésus e é cor de rosa – o presidente disse que ia ficar boiola como os maranhenses. Os bolsonaristas não perderam tempo e lembraram que Lula fez algo semelhante numa conversa com o prefeito de Pelotas, ao dizer, segundo os bolsomínios, que a cidade era um polo exportador de veados. Isso quer dizer que, para Bolsonaro, Lula é um exemplo? Bem, a neta do criador do Guaraná Jesus ficou furiosa. Contou que seu avô, lá pelos idos de 1920 (quando o Bozo ainda estava no banhado), era simpático ao comunismo. Apenas para esclarecer: em 1920, o comunismo era coisa da União Soviética. Bolsonaro só ficaria com enjoo se fosse comunismo chinês. Aliás, Bolsonaro bem lá no fundo nem sabe a diferença de um comunista, um fascista ou um equilibrista. Oh! Coitado!
Radialista e Jornalista Profissional desde 1979 – Registro no MTF/PR Nº 0888 – Foi diretor de imprensa em prefeituras no Paraná e Santa Catarina. Atualmente aborda assuntos com foco no contexto do cenário político brasileiro e mundial. Como colunista de O Povo, traz análises e notícias exclusivas dos bastidores de temas diversos e relevantes para os catarinenses.
E-mail: pimentel.ddc@gmail.com