“Deparei-me com uma fraude repugnante no mais alto escalão do governo”, diz o advogado Ralf Zimmer

O advogado Ralf Guimarães Zimmer Junior, defensor público catarinense, protocolou pedido de impeachment contra o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, e da vice-governadora, Daniela Reinehr, ambos do PSL. A representação também engloba o secretário de Estado, Jorge Eduardo.

Ralf Zimmer contesta a decisão administrativa que aumentou o salário dos procuradores do Estado a partir de outubro de 2019. A medida teve como objetivo equiparar os valores ganhos pela categoria com o salário dos procuradores da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, que é, em média, de R$ 35 mil mensais.

O aumento custará R$ 767,6 mil por mês aos cofres do Estado. Além disso, ficou definido que o reajuste referente aos meses de janeiro a setembro de 2019 será pago retroativamente. A quantia, também de acordo com o site, representa um custo de R$ 7 milhões de reais. A decisão administrativa contraria um veto feito pelo governador em junho de 2019. Na ocasião, o legislativo propôs uma emenda que também aumentava o salário dos procuradores.

O governador, no entanto, afirmou que a mudança resultaria em um aumento de despesas. A proposta dos deputados era a de vincular os salários dos procuradores aos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), assim como dos desembargadores estaduais.

CRIME DE RESPONSABILIDADE

No documento, enviado à Assembleia Legislativa de Santa Catarina, o advogado Ralf Guimarães Zimmer Junior afirma que o reajuste configura crime de responsabilidade previsto na Lei Federal 1.079/50. O advogado afirma: “O referido procedimento secreto e ilegal do qual se abeberou o Ordenador Primário (o senhor governador e a senhora governadora) para buscar prestígio entre os procuradores do Estado sem ter que pagar o ônus inerente da função de vir a público por lei dizer: ‘sim, concedemos aumento’, denota o grau maior da falta de consideração com a população, com o Parlamento e com os princípios mais comezinhos da República”. A justificativa para conferir aumento aos procuradores foi a de que deveria haver isonomia remuneratória entre procuradores do Estado e da Assembleia Legislativa. No entanto, de acordo com Zimmer, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina definiu, em 2010, que não são todos os procuradores que possuem direito à isonomia. “O TJ-SC acabou com o ‘trem da alegria’, declarando a inconstitucionalidade do art. 196 da Constituição do Estado de SC que permitia até então o aberrante e inconstitucional enlace automático entre carreiras adstritas a Poderes distintos”, aponta Zimmer. O advogado também pediu instauração de procedimento para apurar irregularidades de contas engendradas pelo gabinete do governador. O pedido também é referente ao reajuste conferido a partir de outubro.

Governador Carlos Moisés (PSL)

GOVERNO DE SC

Em nota enviada à ConJur, o Governo do Estado de Santa Catarina afirmou que “não há espaço para supor que foi expedida ordem em contrariedade à Constituição ou ordenada despesa não autorizada em lei ou sem observância das prescrições legais relativas às mesmas”.