Coluna Politicando – L. Pimentel

UMA COISA NÃO LEVA A OUTRA

As notícias ruins são amplamente majoritárias, mas o governo acaba de ganhar uma. A pesquisa XP, realizada por uma empresa financeira para orientação de seus investidores, pela primeira vez mostra crescimento da popularidade do Governo. A porcentagem de quem acha o Governo Bolsonaro ótimo ou bom foi de 30 para 33%, e quem o considera ruim ou péssimo caiu de 41 para 38%. As expectativas também melhoram: 46% acreditam que o Governo ainda vai melhorar (antes, eram 43%). Não é apenas questão de opinião: o índice de empregos na construção civil subiu um pouquinho – zero vírgula qualquer coisa – e leis antipoluição na China abrem a perspectiva do Brasil exportar álcool pra lá. É pouco, mas é um ganho!

PAU QUE DÁ EM CHICO…

Mas as coisas boas têm companhia. O que faz o Governo? Arruma outra briga, agora com seu próprio partido, o PSL, pedindo uma auditoria nas contas do partido no período anterior a seu ingresso. Em troca, o PSL põe em dúvida os gastos de Eduardo Bolsonaro para organizar o encontro conservador em São Paulo, um milhão de reais. Qual a importância do duelo? Para o país, nenhuma. Para os contendores o controle dos apetitosos fundos eleitorais do PSL. No momento, o presidente do PSL, Luciano Bivar está em desvantagem: a Polícia Federal fez operação de busca e apreensão em seus escritórios, para apurar o uso de mulheres-candidatas que serviriam para desviar verbas dos fundos eleitorais. Mas Bolsonaro pode ter troco: dois de seus filhos dirigem diretórios estaduais do PSL e o acusado de comandar o laranjal é ministro de seu Governo. Sem falar que o Queiroz ainda não teve o caso resolvido. Tá hibernando debaixo do tapete.

OS MAIS FAMOSOS LARANJAIS

O caso das candidatas é simples: por lei, os partidos são obrigados a lançar um determinado número de mulheres para as disputas legislativas. Acontece que, no caso, as candidatas receberam verbas substanciosas e aparentemente não fizeram campanha – tanto que obtiveram número mínimo de votos. Há suspeitas de que o dinheiro da campanha (que tem origem pública) foi destinado a outros gastos, e por isso a Polícia Federal investiga o caso. Mas Bolsonaro fez questão de manter o ministro mineiro que é investigado por isso. O presidente disse que Bivar “está queimado” e há quem ache que quer trocar de partido. Difícil: os parlamentares podem perder os mandatos, porém, mesmo que os mantenham, podem ficar sem recursos para disputar a reeleição. A busca e apreensão abre campo para o argumento de que os parlamentares deixaram o partido por problemas éticos. Mesmo assim, é complicado. E os dirigentes do PSL já falam em expulsar quatro parlamentares, o que não só põe seus mandatos em risco como os deixa sem dinheiro para a reeleição. É uma briga ruim para todos. E deixa o núcleo bolsonarista mais reduzido.

NUMBER TWO NA ALÇA DE MIRA

Um dos principais alvos de críticas no PFL é Carlos Bolsonaro, o filho 02 de Bolsonaro. O senador Major Olímpio trocou insultos com ele, a quem chamou de “moleque”. O 02 devolveu, chamando-o de “bobo da corte”. Detalhe: o senador está brigado também com Eduardo Bolsonaro, o filho 03, além de ser ligado à deputada Joice Hasselmann, a mais votada da Câmara. Joice tem apoio de Olímpio para disputar a Prefeitura paulistana, que o apoia para governador. Eduardo 03 não quer Joice nem Olímpio: o presidente Bolsonaro falou em lançar José Luiz Datena, que não é do partido, para a Prefeitura, em vez de Joice. Numa tradução simples, o PSL paulista rachou inteirinho após a vitória de 2018. E esta briga de bolsonaristas de primeira hora com os filhos de Bolsonaro tem uma característica diferente: ninguém ganha. Pelo contrário, todos perdem.

POR QUE NÃO NOS PRESÍDIOS

A Anatel, Agência Nacional de Telecomunicações, autorizou o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República a usar bloqueadores de celular por onde andarem o presidente Bolsonaro e o vice Hamilton Mourão. O bloqueio atingirá 200 metros de distância de ambos. Por isso a pergunta: “por que até hoje alegavam que bloqueadores de sinal de celulares não funcionariam para impedir que bandidos presos comandassem de dentro das cadeias as atividades de suas quadrilhas. Será que de repente apareceu uma invenção